quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Felicidade.

Toda manhã passava pelo mesmo caminho e encontrava sempre um casal que ficava sentados em um banquinho em frente a casa que moravam. Dizia bom dia, e eles sempre respondiam. O que acontecia toda manhã, acabou se tornando uma rotina, passar ali e falar com o casal.
Um tempo depois, passei em frente a casa, mas o casal não estava ali. A princípio achei normal, porém mais dias foram se passando e eu não os via mais. Procurei saber o que tinha acontecido com eles, a vizinha da frente me disse que haviam se mudado para um asilo na rua de cima, porque os filhos não tinham mais tempo de cuidar deles.
Fui então até o asilo indicado, e os vi, sentados juntos em duas cadeiras postas em baixo de uma árvoe, nos fundos do quintal. Fiquei um pouco preocupada e fui em direção a eles. Comecei a conversar sem parecer intrometida, já que era apenas uma conhecida de todas as manhãs. Resolvi fazer uma última pergunta:
-Vocês estão felizes aqui?
Surpreendentemente a senhora disse:
-Sim minha querida, onde estiver se meu marido estiver comigo, estarei bem.
Me senti constrangida ali, por estar interrompendo o que poderia ser um momento romântico. Me despedi deles e fui embora. Voltei a minha vida normal, e os visitava sempre que podia.
Certa vez fui fazer a visita da semana e não os encontrei, perguntei a enfermeira e ela me disse que o senhor havia sofrido um derrame e falecido. Na mesma hora fui a procura da senhora, tentando confortá-la. A encontrei sentada no banquinho em baixo da árvore.
Antes que pudesse tentar ajudar, a senhora olhou para mim e disse:
-Agora posso dizer que não sou feliz.

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