terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

De mãe para filha.

Sai correndo da chuva, esqueci de ligar para minha mãe e fui para casa. Bati na porta e ela ao me ver, já fez a expressão de que não estava gostando nada do que estava vendo, e não era pelo fato de eu estar ensopada e com o cabelo desgrenhado, mas sim pelos meus oulhos azuis estarem inchados e vermelhos.
Antes mesmo dela dizer qualquer coisa, entrei e já no meu quarto comecei a contar: 
-Mamãe, foi horrível! Eu estava tão apaixonada pelo Carlos. E quando fui me apresentar ele me olhou dos pés à cabeça e disse: 
-Quantos anos você tem mesmo garotinha?
-Por que ele não pode ver que gosto dele de verdade? Por que ele me ignora todas as vezes que vou ao clube?
Nem ao menos dei um tempo para minha mãe responder e já estava chorando de novo. Eu nunca chorava. Não quando o assunto era meninos. Mas essa situação me deixou completamente sem saber o que fazer. Ele não gostava de mim, simples assim. 
Já estava cansada de conselhos, só queria minha mãe ali deitada comigo. Ela passeava com os dedos em meu cabelo, enquanto eu molhava praticamente toda sua blusa. Mas ela não se importou. O choro passou, e quando acordei, minha mãe me entregou um enorme pote de pipoca e começamos a assistir filme. Minha mãe era assim, quando via alguém triste, dava logo um jeito de colocar um sorriso no rosto de quem quer que fosse.
Quando o filme terminou, ela apenas disse: 
-Minha filha, você não vai esquecê-lo, ele vai se tornar uma boa lembrança, apenas uma lembrança. 
E saiu. Por um instante tentei protestar, dizer que meu coração estava partido, que nao o esqueceria nunca, mas ela tinha razão, afinal daqui a algum tempo ele seria sim, apenas uma lembrança.





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